21 fevereiro 2010

inglourious basterds

fiel a si mesmo, quentin tarantino, presenteou-nos, mais uma vez, com um belo filme. devo dizer, aliás, surpreendentemente bom para o que esperava. depois de ver o filme confesso não entender, de todo, as críticas que insistem na decadência do realizador. bem pelo contrário, acho que não brilhava tanto há algum tempo.

apesar de abordar um tema que foi dezenas e dezenas de vezes exposto em filmes - a segunda grande guerra - o director conseguiu dar-lhe um toque profundamente pessoal que se sente e se cheira do princípio ao fim. apesar de algumas cenas puderem ferir a susceptibilidade dos mais sensíveis e da "ficcionalidade" dos factos enervar outros tantos, não pude deixar de achar o filme genial e de continuar a rir por mais uns minutos após este ter terminado.

inglourious basterds, que até no nome tem o seu quê de jocoso, pode não ter a intenção de ser um retrato fiel da época, que na minha modesta opinião só teve a ganhar com isso (o que não falta são documentários e muitos outros filmes baseados em factos), mas a tensão e hipocrisia que se viviam estão patentes na totalidade do filme e muitíssimo bem representadas. os diálogos são engenhosos e espirituosos, ao mesmo tempo, e os actores agarraram-nos na perfeição. brad pitt continua a ser um óptimo actor mas desta vez a salva de palmas (palmas e awards) não pode deixar de ir para a brilhante representação de christoph waltz, seja pela multiplicidade das línguas faladas, pelas expressões ou pelo estigma do seu personagem.

a ver!

14 fevereiro 2010

antichrist

obrigada, lars von trier, por mais uma belíssima obra de arte.
tive o prazer de ver ontem o último trabalho daquele que é um dos meus realizadores preferidos. cujos trabalhos tanto aprecio. antichrist não me desiludiu nem um pouco e eu estava com grandes expectativas, como estou sempre que sai um novo filme de algum do meus realizadores de elite.

as pessoas que associaram o filme a gore e porn, certamente não o entenderam e deixaram escapar à frente dos seus olhos uma obra cheia de simbolismos, extremamente bem metaforizados. é evidente que não aconselho este filme ao público mainstream, entendendo por essa categoria, e sem qualquer conotação negativa, as pessoas que gostam de ver cinema pelo entretenimento e pelas histórias com princípio, meio e fim, de onde não lhes escapa nada. de onde, das cenas eventualmente mais chocantes, tirariam isso mesmo... que eram cenas chocantes. para mim não o são. são fortes e significantes. cheias e intensas. dramáticas. de tirar o fôlego.

os dois actores, willem dafoe e charlotte gainsbourg, preenchem lindamente os seus papéis e a cinematografia, por anthony dod mantle, que já anteriormente trabalhou com este realizador, é incrivelmente deslumbrante, marcante e faz querer fazer pausas a todo o momento para absorvermos toda aquela beleza. vou guardar muitas das imagens. espero que por muito tempo.

é bom quando o cinema se transforma em arte. a não perder!