12 abril 2012

o brilho dos teus olhos

nunca entenderás o que ainda nos liga. nem eu. sequer entenderás se ainda há o que nos ligue. nem eu. nunca entenderás se é capricho, se é porque me esqueci de esquecer, se não é nenhuma das duas. nem eu. porque, na verdade, pouco isso importa. se pensar bem, entender é o que menos importa. o que menos me importa. talvez nunca vá perder tempo a explicar o porquê ou talvez esteja a tentar fazê-lo agora. mas quando nos sentarmos a falar sobre isto há coisas que direi que serão intemporalmente verdade. sim, porque há verdades tão passageiras como o vento. se não nos sentarmos, há coisas que já me disse e que são as mesmas. ainda são as mesmas. no milhão de vezes que tentei entender o que não é para ser entendido. sentada. deitada, a maior parte das vezes. há um peso que me obriga a deitar os ombros sobre a almofada. talvez o do meu sorriso.

quando me lembro da dificuldade de dizer "bom dia", de ser simpática, de conviver, de fazer amigos, de espalhar a boa disposição... é como se o tempo parasse por segundos para me dar tempo a lembrar-me mesmo. a valorizar quão bom é saber fazer o contrário. quando me lembro que não nutria qualquer interesse por viagens (sim!), isso faz parte de uma memória tão distante e estranha que parece nem me pertencer. mas é importante perceber que eu nem sempre fui como sou hoje... e mais... fui mais anos o que não sou hoje. ainda que fechar-me no meu mundo será um velho hábito confortável do qual, dificilmente, algum dia me libertarei. nem sei se quero. talvez seja bom deixares-me ficar com algo que seja verdadeiramente meu. que nasceu comigo. queiras ou não, ficarás, até ao final dos meus dias, como responsável  do lucro que eu recolher de tudo o resto.

cada "olá" que eu sorrir, foste tu que me ensinaste como fazer. cada convite que fizer, vou lembrar-me quem me disse que se pode convidar sem pedir nada em troca. cada estranho que receber na minha casa, vou saber que a partilha que dali advier foi proporcionada por ti. cada pessoa que eu fizer rir, vou agradecer-te por me teres demonstrado que se ganha mais quando se dá. cada vez que os meus olhos brilharem, estarão apenas a espelhar o brilho dos teus. cada lágrima que deixar tocar nos meus ombros, será um agradecimento eterno de te teres cruzado na minha vida. cada vez que me disserem "és linda", vai ser a tua voz que vou ouvir, por teres sido tu a desenhar a minha felicidade.

mesmo que não entendas, nem eu, consigo lembrar-me perfeitamente que foi o brilho dos teus olhos que acordou a minha alma para novos dias. ninguém me tinha antes falado em paixão de viver. nem tu. mas antes mostraste-me em palavras, sorrisos (e risos!)... e no brilho dos teus olhos... o que tal estranha sensação era. e oh! como me lembro de ser estranha...! como o gosto da cerveja ou do vinho, antes de, verdadeiramente, os apreciar.

desisto de escrever sempre que começo porque se torna repetitivo limpar as mesmas lágrimas e ler sobre o que tanto já sei. mas há dias que me lembro tão bem das coisas que me deste que seria demasiado egoísmo não tas agradecer. as coisas que me davas eram tão grandes (e pequenas...) que não conseguia conter todas e ia contar à minha mãe. usava muitas vezes a palavra "nojo" e "jamais" mas, sem eu saber, tinhas plantado pequenas (grandes...) sementes de curiosidade por todo o meu corpo. usava essas palavras intercaladas com frases embrulhadas em puro entusiasmo. sem dar conta. anos mais tarde, quando voltei a falar de ti à minha mãe, ela lembrava-se "ah, aquele rapaz que esteve na índia e de quem estavas sempre a contar histórias". claro que ela não se podia ter esquecido... devia ter-lhe dito, "sim mãe, aquele rapaz que fez de mim grande parte do que sou hoje".

faltam-me as palavras para descrever as sensações que me invadiam durante e sobretudo depois de estar contigo. como se tivesse ingerido um medicamento, cujos efeitos secundários fossem incómodos e de longa duração... mas do qual dependia a minha felicidade. era estranho perceber que havia mais para além do meu pequeno cantinho, mais formas de viver, mais formas de encarar a vida, todo um mundo lá fora. mas o mais estranho era perceber tudo isto pelas palavras de uma única pessoa. e do brilho nos teus olhos. como se tivesse chegado a minha hora. a hora de começares a viver. vou mostrar-te como se faz.

nunca entenderás como é que em dois meses me viraste a vida de pernas para o ar. nem eu. nunca entenderás porque escolhi viver com o livro das tuas palavras às costas - porque não te posso levar a ti. nem eu. nunca entenderás o porquê de insistir nesta pequena história do passado e de lhe dar tamanha importância. nem eu. mas que interessa isso?

afinal, se pensar bem, amar-te é mesmo o que menos importa. o que menos me importa.

01 março 2012

eu não

para mim - e cada dia mais - uma pessoa decidida e confiante é cem vezes mais estimulante do uma pessoa de beleza estonteante! 

não me peçam para "amar" quem não se considera digno do amor por si próprio!

14 fevereiro 2012

a primeira bttzada

a que propósito ou como isto começou, para o caso pouco interessa (ainda que demasiados já saibam de onde veio a ideia). o que interessa é que começou. devagar, com algumas quedas, pouco equilíbrio – de outro modo nunca teria descoberto que plantavam louro, alfazema e outras plantas aromáticas no jardim de miraflores – mas sempre com muita determinação e vontade de melhorar. agora uma curva mais apertada. agora subir um passeio. agora descer uma rua íngreme. agora tirar uma mão do guiador e dizer com um sorriso: "consegui"! agora montar e desmontar graciosamente. agora mais rápido. agora apanhar este palerma que me ultrapassou. só não apanho porque não gosto de palermas… agora melhor, todos os dias melhor.

o que pode ter sido uma obrigação por escolha própria ia tornando-se, quase sem se dar por ela, num enorme prazer. "então e se chove?", "não ias melhor de comboio?", "já viste o frio que está?". se chove, molho-me. nunca irei melhor de comboio e muito menos mais feliz. e o frio combate-se com roupa quente. de qualquer modo, sim, já senti o frio que está.

como em tantas coisas que faço na vida e na maioria das decisões que tomo (you gotta love aries…), no último domingo decidi juntar-me a um grupinho de btt para um passeio de bicicleta que nos levaria da moita a vendas novas e se as pernas quisessem, de volta também. um total de 110km, sensivelmente. se podia ter esperado até fazerem um percurso mais curto? se podia ter eu própria feito uns treinos antes de me mandar para tal desafio? podia. mas também me podia chamar joana e não me chamo.

com toda a inocência do mundo e a felicidade de uma criança, levantei-me às 05:30 (o termo acordar estaria absolutamente incorrecto aqui, uma vez que não tenho a certeza de sequer ter adormecido), acendi a luz e passei os olhos por todo o material e equipamento, espalhados pelo chão, que estava prestes a estrear. dificilmente poderia estar mais excitada!

enchi um canecão com quase meio litro de pensal e tentei ingeri-lo todo durante mais de meia hora. "para dar energia", pensava. decidi que ia poupar 10km de bicicleta e ir de comboio até ao cais do sodré mas não sei bem como aconteceu, perdi o comboio e tive de ir de bicla na mesma. lá se foi a papa toda naquela meia hora de luta contra o tempo e contra uma ventania como nunca tinha sentido antes. parecia que alguém me estava a pôr à prova, como se eu não superasse sempre os desafios a que me proponho! a três minutos da partida do barco lá estava eu, com um sorriso maroto de vitória.

esperavam-me no barreiro e não fosse o enjoo e o frio que passei dentro do barco, teria chegado aos saltinhos de contentamento. as borboletas começaram a eclodir dos seus casulos, que tinham sido colocados bem na boca do meu estômago. tentava controlar o nervosismo mas ao ver tantos ciclistas e bicicletas não podia deixar de pensar que era uma maluquice o que estava a fazer. "trouxeste câmaras de ar? e elos de engate? e (cenas que eu não me lembro)?". engoli em seco e, ao invés de ter confessado que não sabia o que eram tais coisas nem para o que serviam, disse que… não. visto de fora parecia mesmo que não tinha como tal aventura dar certo, mas lá está… quantas e quantas vezes foi esse o cenário das belas histórias da minha vida?

partida, lagarta, fugida! (eu sei que é largada, mas gosto mais de lagarta…) "ok, agora não posso mais fugir. mas quem disse que eu queria fugir?", conversava eu comigo mesma. primeira entrada nos trilhos com uma inclinação ridícula: "agora tens de acelerar para subir!", disseram-me. tenho, pois claro… tenho é de desmontar rapidamente antes que seja mesmo ao início que tenho uma queda valente. já sentia o suor a escorrer pela barriga abaixo e ainda nem tínhamos quase começado. primeiro banco de areia "baixar as mudanças e nunca parar!", mil vezes me disseram. tentava obedecer, pois estava mais do que visto que essa era a solução, mas às vezes as pernas tinham vontade própria e paravam à chegada, fazendo, obviamente, com que me desequilibrasse ou mesmo caísse.

o nervosismo inicial deu lugar a uma descontracção agradável e os pequenos e médios desafios deram lugar… não, corrijo. os pequenos desafios deram lugar a pitadinhas de adrenalina e os médios desafios… bom, ficaram-se por isso mesmo. mas a evolução foi tão significativa durante um único dia, que não tenho dúvidas que em breve ultrapassarei até os grandes desafios. alguém diria que alguma vez eu estaria nesta posição? há um mês atrás nem sabia montar na bicicleta como deve ser!

a surpresa ia crescendo à medida que os quilómetros iam somando. "estás bem?" - "estou óptima!", respondia. e a verdade é que estava mesmo! (claro que mais para o final a resposta era mais um "sim" arrastado…) passado nem uma hora já tinha percebido que estava no local certo, com as pessoas certas, a fazer algo que me dava um prazer imenso.

ainda assim, esperava o momento em que as minhas pernas iam ceder. mais 10km, mais 20, mais 50… e as pernas, nada. os joelhos a responder lindamente. agora perguntam vocês: o que faltou para ser perfeito? os pulsos! os pulsos! a última coisa em que poderia ter pensado… os pulsos! tínhamos chegado aos 30km e eu já me queixava deles. as dores começaram a ser de tal modo intensas que até para baixar as mudanças eu gemia por dentro. um suplício que, infelizmente, não me deixou gozar de forma mais tranquila os últimos quilómetros por entre árvores, pedras e pedregulhos e as benditas poças de lama. felizmente, tive sempre companhia até ao fim, que nunca me deixou desmoralizar. (obrigada!)

podia continuar a descrever uma série de situações; podia dizer que as bifanas que comemos ao almoço podiam ser mais grossas; podia dizer que me disseram que era preciso voltarmos uns quilómetros para trás por estar uma estrada cortada, já perto da recta final, só para verem a minha reacção; podia dizer que a certa altura já nem tentava ultrapassar os desafios e desmontava logo quando via o grupinho parado num local estratégico de máquina fotográfica em punho… mas, na verdade, o que se pôde retirar daquele magnífico dia foi uma aprendizagem sem fim, um companheirismo cinco estrelas e um ambiente descontraído e divertido – tudo o que eu gosto!

não poderia haver outra maneira de terminar este texto:
ATÉ BREVE! VENHA A PRÓXIMA BTTZADA!

20 junho 2011

finalmente estágio

"hoje é o primeiro dia do resto da tua vida..."

24 maio 2011

verdade

"a melhor maneira de se apreciar algo... é ficar sem ela durante algum tempo"

06 maio 2011

miénteme bien

si tu me mientes... susurrando, a fuego lento
justo aquí bien pegadita a mi boca
no sabré si golpearte con mis pechos
o si dejarme arrastrar noche abajo... de nuevo
hacia otra madrugada bohemia.

reconozco que me enloquecen tus carnes
reconoce que te enamoran las mías.
así que si me mientes, casi dentro de mi boca
te regalo el resto de mis días.

y es que hay mentiras que sientan tan bien
que parecen verdades ocultas.
con secretos que endulzan la hiel
de las noches más tremendas y más oscuras.

así que si me mientes
miénteme bien,
porque hoy quiero engañarme de nuevo.

ya no reino en esas noches orgullosas
en las que acabo amaneciendo triste y sola.
concha buika

29 abril 2011

os sonhos


os sonhos de criança são como dentes de leão que sopramos em belos dias de primavera.

os sonhos de adolescente são como correr atrás dos que soprámos, para os apanhar, até percebermos quão mais bonitos são soltos ao vento.

os sonhos de adulto não passam de alergias que nos impedem de viver livremente e nos frustram até podermos voltar a soprar os dentes de leão, num belo dia de primavera.

18 abril 2011

para ti

o meu amor por ti é feito de poucas coisas grandes e de muitas pequenas coisas.
lisboa, 14.02.2011

09 abril 2011

cuidado

da próxima vez que encheres a boca para falares de "amor", pode ser que te engasgues.

21 fevereiro 2011

próximos a ler

estes são os meninos que estão, impacientemente, à espera, na minha prateleira, para serem devorados!

20 fevereiro 2011

actualizado

ler os meus vários livros novos
ir à roménia, à polónia e a manchester
celebrar a vida
sair de dia e de noite
passear à beira-mar
rir e sorrir sem motivo e com motivo
ver, pelo menos, um filme por dia
fazer roupas
escrever crónicas da vida em geral
ir ao ginásio, pelo menos, duas horas por dia
re-continuar as pesquisas do mundo
fazer uma boa base de dados para os meus filmes
voltar às traduções e às críticas de cinema
publicado a 13 de setembro de 2010
acabar a tese
aprender a andar de bicicleta
emagrecer
acabar o portfólio
arranjar estágio remunerado
aprender outras línguas (árabe, hindi e japonês)
(mais tarde mandarim, russo, e alemão)
juntar dinheiro
entrar para a ordem
arranjar emprego
fazer mais uns piercings
viajar o mundo
fazer voluntariado, com crianças e animais
trabalhar noutros países
fazer a tal de tatuagem
estudar arquitectura tradicional japonesa
especializar-me em sustentabilidade
construir aquela casa
adoptar crianças
publicado a 10 de junho de 2010

02 fevereiro 2011

filosofia

"só possuímos verdadeiramente aquilo que damos aos outros."

01 fevereiro 2011

fidelidade

"se queres ser fiel a alguém ou a alguma coisa, começa por seres fiel a ti próprio."
paulo coelho

31 janeiro 2011

trollbusters

das várias coisas que a net me permitiu fazer, das oportunidades que me trouxe, apetece-me partilhar convosco o que aconteceu na primeira quinzena de novembro passado. daquele que se tornou o movimento mais significativo e internacional do facebook, nasceu um projecto que simboliza, em si mesmo, muito do que pode acontecer nestas malhas "virtuais" e reserva o seu lugar em variadas personificações das mais díspares temáticas da vida. das nossas vidas.

o movimento nasceu de um evento que se intitulava "muda a tua foto de perfil por um cartoon ou desenho animado da tua infância". ao que parece, teria surgido como uma homenagem ao criador dos pokemon, que falecera poucos dias antes, e o seu autor original não sei se chegou a ser descoberto. português, parece que seria. em pouquíssimos dias o movimento tornou-se internacional e espalhou-se a centenas de milhares de pessoas por esse mundo fora. era lindo ver as páginas do facebook coloridas com as mais deliciosas memórias da nossa infância. mas não tardava a que um outro movimento se impusesse. de origem portuguesa, isso é certo. que, afinal, tudo aquilo não passava de uma manobra levada a cabo por pedófilos para atraírem crianças. "que criança não aceitaria o pedido de amizade de uma cinderela?!". o drama, o horror, a tragédia! nada mais português. que, além de só ver coisas negativas na moção mais inocente do mundo, é incapaz de analisar a verosimilhança das suas palavras. o receio ignorante de outros milhares de pessoas, além de as fazer recuar nesta diversão, fê-las encabeçar uma luta oca contra a pedofilia e, em última instância, travar e acabar com a nossa brincadeira antes de tempo.

do outro lado (do nosso lado), nascia a brigada armada anti-trolls (os tais e outros que tais). armada de um pouco mais do que alarmismos infundados, armada de capacidade de raciocínio próprio e de habilidade argumentativa, armada de muito boa-disposição e de pouca ou nenhuma paciência para más educações e insultos. armada também em parva porque, por vezes, só se combate a estupidez com estupidez. foram dias intensos em que as gargalhadas eram uma constante, que duravam o dia inteiro, noite e madrugada adentro. também com unhas e dentes, defendíamos o nosso território animado. nós, que não nos conhecíamos de parte alguma. lembro-me bem de passar os dias agarrada à barriga, a rir em alto e bom som ou a tentar abafar as risadas quando as horas já as proibiam. de limpar, freneticamente, as lágrimas que me embaciavam a vista e de gerir uma dúzia de conversas em simultâneo, para não perder pitada. ao mesmo tempo, travava uma batalha em casa: "não sei o que tanto fazes nesse portátil". "tudo". vivo, essencialmente. nunca entenderão...

dia após dia, lá estávamos nós, competentes e assíduos, como se de um posto se tratasse. arregaçávamos as mangas, aquecíamos os abdominais e os músculos da face e mandávamo-nos às feras. quando não havia trolls à vista, recordávamos os melhores, informávamos os nossos companheiros das novidades, rindo vezes sem conta. sem darmos por isso, éramos já um grupo coeso com um ou dois objectivos em comum. não fazíamos ideia da idade uns dos outros, da cor, da aparência e isso parecia não importar, como poucas vezes na vida. delicioso!

o que se passou naquela página, fatalmente encerrada numa madrugada da qual me recordo ainda tão bem, é algo que palavras nenhumas poderão conter. cada um recordará ou não. para mim, foram mais do que dias e noites bem-humoradas, ainda que as recorde com saudades. foi mais uma lição. mais uma porta e várias janelas que se abriram. mais uma prova que há sempre mais qualquer coisa no nosso caminho. o que quer que essa coisa nos reserve. mas isso sou eu, que tendo a exagerar em tudo. a pensar em tudo em demasia. a viver intensamente cada bocadinho de espaço e tempo que a vida me oferece.

lembro-me ainda de deixar algumas lágrimas cair no dia seguinte a termos perdido o nosso playground. sentíamo-lo tão nosso que poderemos ter perdido a noção de que estava acessível a milhões de espectadores, por alguns momentos. lembro-me de pedir desculpa, pessoalmente, a dois ou três "colegas", por me sentir, em parte, responsável por essa perda. mas nunca saberemos ao certo se a culpa foi mesmo nossa, ou se, simplesmente, a ignorância generalizada nos venceu nessa pequeníssima batalha. mas aí sim, nasceram, oficialmente, os trollbusters. do qual faço, orgulhosamente, parte. ainda que já não houvesse trolls para caçarmos, queríamos manter-nos unidos. fizeram-se quadros de honra, vídeos, músicas, quadras, logótipos... aquilo com que cada um pudesse contribuir. deram-se casamentos, divórcios, mil palhaçadas e tudo mais o que nos fizesse rir! 

[por falar nisso, ainda estou por saber porque é que na minha primeira e única oportunidade de ser bem sucedida - isto porque foi a única noite em que a buttercup se recolheu mais cedo - e enquanto soava em tom ameno um cd de barry white, irrompem sala adentro a maggie, com um tom amarelo avermelhado e a fralda torcida, logo seguida do bananaman, que apertava, atabalhoadamente, as calças - isto muito muito antes dele conhecer os poderes da she-ra - da jessica rabbit, que exibia o seu vestido do avesso, onde ainda se avistava uma enorme mancha, causada por... não vem ao caso, e do sinalética (desenho animado que marca a infância de qualquer um) que, provavelmente, estava ainda a fechar o último botão da camisa. de frisar que tudo isto acontece longas horas depois de ter sido submetida a uma das mais inglórias torturas, que consistia em ficar sentada, a um canto, a observar. e tenho eu a distinta lata de os chamar de amigos...]

lembro-me, igualmente, do nervoso miudinho do dia 1 de dezembro: dia em que íamos revelar as nossas caras. estava mergulhada numa curiosidade infinita por ver as suas e num certo receio infantil de mostrar a minha. são estes pequenos detalhes que me fazem sentir viva. estas pequenas parvoíces. indo de cara em cara, não conseguia deixar de exclamar "ah...!" como se fosse assim tão estranho que o trunks não tivesse o cabelo azulado e espetado, que o soundwave afinal não fosse uma máquina, que a buttercup tivesse um olhar meigo, que a mafaldinha estivesse penteada, que a maggie não fosse amarela, que "a" calimero não transportasse uma casca na cabeça, que a pantera cor-de-rosa não tivesse cauda, que a kaoru e a mulan nada se assemelhassem a asiáticas, que o d'artagnan não usasse chapéu, que a she-ra não fosse loira, ao contrário da branca-de-neve, que o tico e o teco estivessem tão longe de ter um pêlo macio e farfalhudo, como eu, a flappy. e por aí. surpreendente! oposto ao que seria de esperar, num lugar comum, nos primeiros dias tivemos bastantes dificuldades em associar aquele nome, àquele rosto. não deixou de ter o seu encanto.

três meses volvidos (que em tempo virtual se transforma, pelo menos, no triplo), como na vida que dizem a real, vi partir vários companheiros, senti saudades, desiludi-me. não é na perfeição ou nas situações lineares que a vida nos presenteia com os seus mais sábios ensinamentos. gosto de acreditar que levaram consigo boas recordações. que na etiqueta duma das gavetas dos seus sótãos se lê "trollbusters". pouco me interessa que assim não seja. quem pinta as paredes do meu mundo, sou, tão somente, eu.

até agora, conheci, pessoalmente, o asterix, a pequeno pónei e o pedobear (que também marcou tantas infâncias). e o que sempre uniu este grupo tão heterogéneo, uniu-nos, também, naquela noite: uma imensa boa-disposição, humor e partilha. outros tantos vi ficar. com eles, vivi momentos irrepetíveis de parvoíces tamanhas, lindas!, de confissões e inter-ajuda, de pequenos gestos e grandes sorrisos, de private jokes, caramillos, chupas e saudades do tão afamado hernâni. superei, por eles, vários bloqueios de incompreendidos "comportamentos abusivos", geri centenas e centenas de e-mails até aprender a limitar as notificações e dei a volta a inúmeros comentários-fantasma. sobretudo, continuo, com eles, a rir. muito. continuo a encontrá-los, quase diariamente, no nosso cantinho especial. ainda que, no mundo que, desprezivelmente, tantos chamam de virtual, apenas se chame "grupo secreto", no meu mundo real chama-se "cantinho do meu coração".

[obrigada a todos os TBs que tornaram os meus dias mais bonitos, me fizeram rir e chorar, me ensinaram e comigo partilharam. queria dizer-vos que deste meu lado, que nada tem de virtual, não há nenhum botão "delete".]

30 janeiro 2011

internet

falemos de desilusão? de boa disposição? falemos de viagens que foram? das que ainda não foram? falemos dos melhores dias da vida? ou dos piores? falemos de amizades? de frivolidades? ou de outras idades? falemos de ciclos concluídos? ou de ciclos por concluir?... de repente, ocorreu-me que todas estas coisas das quais gostaria de falar, as quais gostaria de partilhar para além de mim própria, podem estar encerradas numa única rede: a internet. não tendo ainda escolhido um dos temas para abordar, sabendo apenas que necessito de falar, podemos começar por aí. quando escrevo, não faço ideia de onde vou parar ou de que caminhos vou percorrer. vou apenas. e agora, vou por aí.

tenho plena noção dos milhões de pessoas que vivem sem internet. (talvez não tão plena assim). de entre elas, as que não têm essa opção e as que optaram. e de entre as últimas, as que são avessas e as que, simplesmente, são indiferentes. que, por motivos profissionais, fazem uma ou outra pesquisa. por motivos pessoais ou outros que tais, têm um e-mail. e pouco mais. o "essencial", diriam. o que eu diria? que sem internet não era metade do que sou hoje. que não me teria desenvolvido metade do que me desenvolvi. que não teria vivido metade do que vivi. que não teria metade das recordações. metade? que mentira. não seria minimamente o que sou hoje. a única verdade será, talvez, metade das recordações. apenas porque vivi metade da vida sem ela. mas isso não impede que as mais significativas, intensas e reveladores sejam as que, directa ou indirectamente, estão relacionadas com a internet.

após alguns minutos de reflexão, no primeiro dia do ano, pude enumerar as cinco coisas de que mais gostei durante o ano transacto. não me surpreendeu, de modo algum, que quatro delas tenham tido origem na dita net (nome carinhoso) e a quinta se tenha servido da mesma. a minha vida gira em volta deste mundo e se mo tirassem, confesso, viveria miserável a observar a lua da janela, a passear à beira-mar e a sonhar com coisas impossíveis. não soa mal, mas já hoje o faço... isso e muito mais. hoje, sei que preciso de me comunicar para além das palavras que faço ecoar no meu quarto e muito para além do que escrevo em linhas tortas e caligrafia apressada, de difícil compreensão. (nem sempre o soube). hoje, o calo do meu dedo médio é apenas uma doce lembrança e o calo da palma da mão proeminente e orgulhoso.

o que, por vezes, as pessoas ao meu redor não entendem (digo, os meus pais e os amigos com quem me encontro, fisicamente, uma ou duas vezes por ano) é como a minha vida está, de facto, inteiramente dependente deste mundo, aparentemente virtual e distante. pessoas que não se apercebem da quantidade de vezes que não saio de casa, ou as que não têm mesmo essa noção, respectivamente. para mim, não há nada mais real e mais próximo. se o meu telemóvel ainda insiste em tocar duas ou três vezes por mês, o meu facebook pisca, diariamente, como se me estivesse a chamar à vida. à minha, que seja. e quando, raras vezes, me fazem ou me faço acreditar que tudo parece vazio e insignificante, daquele lado, seja ele qual for, surge novo fôlego, novos sorrisos e novos desafios. por isso mesmo, partindo de vários tópicos, faço questão de elaborar uns quantos textos que representem bem aquilo de que falo.

a quem se interroga porque me fecho, sugiro que o encarem como uma abertura ao mundo além fronteiras físicas. a quem considera esta vivência insípida, lembro que cada ser humano é um indivíduo e que a felicidade não tem o mesmo rosto para todos. que nem todos temos as mesmas alternativas, as mesmas oportunidades ou capacidades. a quem se revê nas minhas palavras, a quem compreende o alcance delas ou a quem, naturalmente, aceita as nossas diferenças, obrigada por me ouvirem.

26 janeiro 2011

human beings

are capable of the most admirable and terrifying acts.
we can have extraordinary capabilities and inner strength or we can be an overwhelming example of weakness and vulnerability.
we are made of boundless intelligence together with an inborn incoherence.
there's no way i can stop loving these perfectly imperfect and fascinating animal made machines.

24 novembro 2010

amanhã

quero tanto escrever. dizer coisas. ser romântica e parva. sensível e exagerada.
amanhã, quem sabe.

14 outubro 2010

bicicleta

que o dia 12 de outubro de 2010 fique gravado como o dia em que, em três horas, aprendi a andar de bicicleta!

13 setembro 2010

a fazer:

dizer adeus a um ano de mentiras
ir à roménia, à polónia e a manchester
celebrar a vida
sair de dia e de noite
passear à beira mar
ficar rouca de tanto falar
rir e sorrir sem motivo e com motivo
ver pelo menos um filme por dia
fazer roupas
escrever crónicas da vida em geral
ir ao ginásio pelo menos duas horas por dia
re-continuar as pesquisas do mundo
uma boa base de dados para os meus filmes
voltar às traduções e às críticas de cinema
...

06 julho 2010

certo e errado

o certo e o errado serão sempre manchas tangentes, desenhadas por cada um de nós e mutáveis com o passar do tempo. acompanham a definição pessoal de conceitos.

ou tendem a manchas definidas, quando os conceitos se vão simplificando ao que considerarmos ser essencial.

ou tendem a manchas difusas, quando os conceitos se ramificam indefinidamente.