30 janeiro 2011

internet

falemos de desilusão? de boa disposição? falemos de viagens que foram? das que ainda não foram? falemos dos melhores dias da vida? ou dos piores? falemos de amizades? de frivolidades? ou de outras idades? falemos de ciclos concluídos? ou de ciclos por concluir?... de repente, ocorreu-me que todas estas coisas das quais gostaria de falar, as quais gostaria de partilhar para além de mim própria, podem estar encerradas numa única rede: a internet. não tendo ainda escolhido um dos temas para abordar, sabendo apenas que necessito de falar, podemos começar por aí. quando escrevo, não faço ideia de onde vou parar ou de que caminhos vou percorrer. vou apenas. e agora, vou por aí.

tenho plena noção dos milhões de pessoas que vivem sem internet. (talvez não tão plena assim). de entre elas, as que não têm essa opção e as que optaram. e de entre as últimas, as que são avessas e as que, simplesmente, são indiferentes. que, por motivos profissionais, fazem uma ou outra pesquisa. por motivos pessoais ou outros que tais, têm um e-mail. e pouco mais. o "essencial", diriam. o que eu diria? que sem internet não era metade do que sou hoje. que não me teria desenvolvido metade do que me desenvolvi. que não teria vivido metade do que vivi. que não teria metade das recordações. metade? que mentira. não seria minimamente o que sou hoje. a única verdade será, talvez, metade das recordações. apenas porque vivi metade da vida sem ela. mas isso não impede que as mais significativas, intensas e reveladores sejam as que, directa ou indirectamente, estão relacionadas com a internet.

após alguns minutos de reflexão, no primeiro dia do ano, pude enumerar as cinco coisas de que mais gostei durante o ano transacto. não me surpreendeu, de modo algum, que quatro delas tenham tido origem na dita net (nome carinhoso) e a quinta se tenha servido da mesma. a minha vida gira em volta deste mundo e se mo tirassem, confesso, viveria miserável a observar a lua da janela, a passear à beira-mar e a sonhar com coisas impossíveis. não soa mal, mas já hoje o faço... isso e muito mais. hoje, sei que preciso de me comunicar para além das palavras que faço ecoar no meu quarto e muito para além do que escrevo em linhas tortas e caligrafia apressada, de difícil compreensão. (nem sempre o soube). hoje, o calo do meu dedo médio é apenas uma doce lembrança e o calo da palma da mão proeminente e orgulhoso.

o que, por vezes, as pessoas ao meu redor não entendem (digo, os meus pais e os amigos com quem me encontro, fisicamente, uma ou duas vezes por ano) é como a minha vida está, de facto, inteiramente dependente deste mundo, aparentemente virtual e distante. pessoas que não se apercebem da quantidade de vezes que não saio de casa, ou as que não têm mesmo essa noção, respectivamente. para mim, não há nada mais real e mais próximo. se o meu telemóvel ainda insiste em tocar duas ou três vezes por mês, o meu facebook pisca, diariamente, como se me estivesse a chamar à vida. à minha, que seja. e quando, raras vezes, me fazem ou me faço acreditar que tudo parece vazio e insignificante, daquele lado, seja ele qual for, surge novo fôlego, novos sorrisos e novos desafios. por isso mesmo, partindo de vários tópicos, faço questão de elaborar uns quantos textos que representem bem aquilo de que falo.

a quem se interroga porque me fecho, sugiro que o encarem como uma abertura ao mundo além fronteiras físicas. a quem considera esta vivência insípida, lembro que cada ser humano é um indivíduo e que a felicidade não tem o mesmo rosto para todos. que nem todos temos as mesmas alternativas, as mesmas oportunidades ou capacidades. a quem se revê nas minhas palavras, a quem compreende o alcance delas ou a quem, naturalmente, aceita as nossas diferenças, obrigada por me ouvirem.

1 comentário:

  1. puxa, até parece k foi escrito por mim hehehe e digo isto com verdadeira intencão de o dizer, visto k sem 'net' e tal como tu, também estaria a olhar à lua da janela :P trés trés bien madame Ritá !!!!!

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